Role para continuar
Ondas gélidas chocaram-se com a margem desolada, vermelha como o sangue dos homens que Hecarim já mutilou. Os mortais que ele ainda estava por matar batiam em retirada aterrorizados na praia. Chuva negra caiu sobre eles e núvens tempestuosas formavam-se no coração veloso da ilha. Ele ouviu-os gritando uns com os outros. As palavras eram um grito de batalha gutural que ele não reconheceu, mas o significado estava claro; eles pensavam que viveriam caso chegassem ao navio. É verdade, eles eram habilidosos. Moviam-se como um, escudos de madeira entrelaçados. Porém, eles eram mortais e Hecarim saboreava o fedor carnal de seu medo.
Ele os circulou, passando por ruínas desmoronando e sem ser visto na névoa sombria vinda da areia cinzenta. O trovão ecoante de seus cascos fizeram fagulhas das pedras negras. Ele roía sua coragem. Ele assistia os mortais através do visor cortado de seu elmo. A luz fraca de seus espíritos miseráveis estava brilhando em sua carne. Isso o repugnava mesmo enquanto ele a desejava.
'Ninguém sobrevive', ele disse.
Sua voz foi abafada pelo ferro apavorante de seu elmo, como o defunto de um homem enforcado. O som arrastou-se em seus nervos como lâminas enferrujadas. Ele bebeu pelo terror deles e sorriu quando um homem atirou o escudo e correu para o navio em desespero.
Ele berrou enquanto galopava das ruínas encobertas por ervas daninhas, baixando sua lança e sentindo o prazer da investida. Uma memória piscou, cavalgando na cabeça de um anfitrião prateado. Ganhando glória e honra. A memória desapareceu e o homem alcançou as grandes e fortes ondas negras e olhou sobre seu ombro.
'Por favor! Não!' ele chorou.
Hecarim partiu-o da clavícula à pélvis em um golpe trovejante.
Sua lança de lâmina de ébano pulsou quando foi banhada em sangue. O fragmento frágil do espírito do homem tentou voar para a liberdade, mas a fome da névoa não seria enganada. Hecarim assistiu à alma sendo torcida em uma reflexão sombria da vida do homem.
Hecarim tomou o poder da ilha para si e a onda sangrenta batida com moções enquanto uma horda de cavaleiros negros envolvidos em uma luz cintilante surgiu da água. Lacrados em armaduras arcaicas de ferro fantasmagórico, eles sacaram espadas negras que cintilaram com a radiação negra. Ele deveria conhecer esses homens. Eles serviram-no uma vez e ainda servem, mas ele não tem lembrança alguma deles. Ele voltou-se aos mortais na praia. Ele dividiu as névoas, divertindo-se com o terror deles quando viram-no claramente pela primeira vez.
Sua forma colossal era o híbrido apavorante de homem e cavalo, um colosso quimérico de ferro abrasado. As placas de seu corpo eram escuras e estampadas com gravuras cujos significados ele lembrava apenas vagamente. Um fogaréu ficou latente por trás de seu visor, o espírito lá dentro, frio e morto mas vividamente odioso.
Hecarim foi criado como arcos bifurcados de raios dividindo o céu. Ele baixou sua lança e liderou seus cavaleiros à investida, atirando grandes tufos de areia sangrenta e fragmentos de osso no caminho. Os mortais gritaram e levantaram seus escudos, mas a investida dos cavaleiros fantasma era incontrolável. Hecarim atacou primeiro como era de seu direito como o mestre deles e o trovejante impacto rachou a parede de escudos e deixou-a aberta. Homens viravam mingaus de sangue ao serem pisoteados com as soleiras de ferro. Sua lança atingia pela esquerda e direita, matando em todo ataque. Os cavaleiros fantasmagóricos acabaram com todos perante eles, massacrando os vivos em uma fúria aniquilante de cascos, lanças perfurantes e lâminas cortantes. Ossos quebravam e sangue espirrava quando espíritos mortais fugiam de corpos quebrados, já presos entre a vida e a morte pela mágica sinistra do Rei Destruído.
Os espíritos dos aterrorizados circulou Hecarim, reconhecendo-o como seu assassino e ele divertia-se com o prazer da batalha. Ele ignorava os espíritos lamentantes. Ele não tinha interesse em escravizá-los. Deixe essas crueldades insignificantes para o Guardião das Correntes.
Tudo com que Hecarim importava-se era matar.